Olá pessoas, bem-vindos ao blog do Pyladies Salvador! É com imenso prazer que estreamos o nosso blog com um post super especial escrito pela Letícia Portella! A Letícia é oceanográfa, coorganizadora do Pyladies Ribeirão Preto, palestrante e desenvolvedora back-end na Crave Foods Service. Além de ser bastante ativa na comunidade python, a Letícia mantém um blog no qual, não só escreve textos técnicos, mas também compartilha um pouco da sua trajetória com desenvolvimento e sua experiência em mudar de área. Devido à sua história e engajamento com a comunidade, convidamos a Letícia para escrever um post especial nesse dia 08/03. Então, vamos conferir?! ————————————————————————————————————————————–
As fofíssimas Pyladies Salvador pediram um texto para estrear o blog delas e me falaram que iam publicar esse texto no dia da mulher. Refleti muito a respeito do que escrever, do que eu poderia agregar de alguma forma nesse dia que tem tanto significado e resolvi que gostaria de conversar com vocês sobre ambição. Quão ambiciosa você se considera?
Sim, essa pergunta não é fácil e muito menos recorrente. Se você não tem uma resposta exata, vamos tentar dissecar esse tema de forma um pouco mais detalhada. Qual é o seu objetivo na vida? Aonde você quer chegar? Quão longe esta ideia está da onde você se vê chegando? Você realmente acha que aonde você quer chegar é o mais longe que você conseguiria chegar?
Lendo o livro da Sheryl Sandberg (diretora de operações do Facebook) me deparei com uma realidade meio desesperadora. Muitos falam sobre os problemas inerentes da socidade (o machismo, por exemplo) que dificultam a vida das mulheres. Mas que eu achei mais sensacional deste livro é que ele mostra uma série de problemas intrínsecos à personalidade das mulheres. Apresento algumas estatíticas que achei mais relevantes:
O que isso nos diz sobre mulheres ambiciosas? Passei a refletir a respeito e comecei a perceber como nossos exemplos de mulheres ambiciosas normalmente estão vinculados à mulheres problemáticas, viciadas em trabalho, com pouca vida social e não vou nem comentar sobre família! São as Good Wifes da vida… Não se lembra? Pense bem: me diga 1 ou 2 exemplos de mulheres bem sucedidas na ficção cuja vida é estável e controlada. Lembro-me no entanto de várias poderosas com uma vida (e uma sanidade mental) bem questionável: Carrie (Homeland), Cuddy (House), Annalise (How to get Away with Muder), Margaret (A proposta), Alicia (The good wife) e por aí vai…
Porque não vendemos a imagem de que podemos ter sucesso profissional e pessoal? Porque é tudo sempre tão difícil para as mulheres (até mesmo na ficção)? Temos que começar a pensar e refletir que tipo de impacto isso tem na nossa vida. E sempre cabe a pergunta: eu estou deixando de fazer algo que quero porque simplesmente é me dito que é impossível?
Nossos ideais culturais associam os homens às qualidades de liderança e as mulheres às qualidades de proteção. Quando uma mulher faz qualquer coisa indicando que talvez não seja acima de tudo boazinha e agradável, isso dá má impressão e nos incomoda (Debora Gruenfeld).
Então vamos à reflexão… de que forma você reconhece seus resultados e conquistas? Como você se auto avalia? Quantas vezes você diz “tive sorte” ou minimiza algo que você fez, com medo do elogio que é dado?
Vamos parar de dizer que “nós conseguimos o resultado” quando quem conseguiu foi você e você sozinha? Vamos parar de menosprezar nossas conquistas e assumir nossos feitos? Sim, sempre tem alguém que faz mais ou melhor, mas isso não desmerece nossos esforços em conseguir algo. Ou até mesmo um esforço em não conseguir algo. A derrota tem que ser vista como forma de aprendizado e não como algo a nos culpar para a vida.
Sim, existe o medo… o medo de não conseguir, de fazer a escolha errada, o medo de errar, de fracassar, de ser uma fraude, de ser julgada e medo de ser uma péssima mãe/filha/esposa. Todos esses medos existem, são reais e são, muitas vezes, paralisantes. Mas a falta de confiança pode ser uma profecia que se cumpre sozinha. Meu convite aqui hoje é para você refletir sobre isso e tentar mudar essa história. Nem que seja uma conquista de cada vez. Que tal chegar para alguém que você admira e dizer: “eu conquistei isso” ou “eu fiz isso sozinha e estou orgulhosa do que consegui”. Se você se sentir um pouco mais orgulhosa e confiante, acho que terei conquistado o que eu queria.
E então eu te pergunto novamente… aonde você quer chegar?
Texto originalmente escrito por: Léticia Portella